Olá, amizades!
Faz tempo que o parte do conteúdo desse boletim estava cozinhando na minha cabeça, mas acontece tanta coisa ao mesmo tempo e a vida não cabe num resumo de newsletter, é claro.
Tem uns livros que falam de arqueologia e ecologia nessa edição. Tem também um breve comentário sobre o fogo que eu gostaria que fosse metafórico, mas infelizmente, é real.
Bora lá!
1.DESCOBERTAS: ADMIRÁVEL NOVO MUNDO …
Desde que ouvi falar do tema desse livro, fiquei com vontade de lê-lo. Bernardo Soares cria um mapa dos sítios arqueológicos mais emblemáticos do continente Americano, para narrar a história, ou as histórias, da chegada da humanidade aqui. Vamos conhecendo o contexto de descoberta desses sítios que vão nos ensinando não só sobre os complexos aspectos que uma pesquisadora precisa levar em consideração ao encontrar indícios da passagem ou da fixação do ser humano naquele lugar, as técnicas e tudo o mais, como também o enredo de ascensão e queda de um paradigma científico. O lado da filosofia aqui achou isso um arraso.
À medida que eu ia lendo, com muita empolgação, diga-se de passagem, pois o autor, além de professor especializado em história da ciência, é jornalista na área, ou seja, tem o poder da narrativa muito bem consolidado. Isso de um modo que você, mesmo que não seja da área, se vê tomando partido contra os absurdos que podem surgir na argumentação CONTRA sítios que mais adiante seriam reconhecidos ou mesmo os não reconhecidos. Toda a construção dessa indignação vai surgindo enquanto você lê.
Tem figuras para ilustrar o que Bernardo nos relata (essas pegadas aí em cima foram descobertas no Novo México e têm 23.000 anos!) e ele realmente fez várias viagens a muitos desses sítios, entrevistando quase uma centena de pessoas ao longo de 10 anos de produção do material- ufa! 🎤
É possível que o fato de um dos sítios mais TRETEIROS (essa palavra me parece melhor que “controverso”, no momento) se localizar bem aqui no meu estado tenha feito com que eu ficasse mais interessada no livro??? É possível! Mesmo com um sentimento ambíguo. Tinha hora que eu xingava todo mundo que o Bernardo apresentava- até ele! No final, eu dei o braço a torcer e concordei bastante com os resultados que ele consegue apresentar, porque obviamente em se tratando de pesquisa acadêmica (a dos arqueólogos e profissões afins que aparecem no livro) não tem um ponto final no livro e sim várias interrogações bastante saudáveis. 😌
Dando um pouco de spoiler: é muito gratificante ver a queda de um paradigma construído e sustentado mais por conta da arrogância estadunidense do que por evidências e caindo em desuso. Adorável. 😁
Ah, mas quer dizer que a passagem humana pela Beríngia está superada nesse livro? Não… Eu não disse isso e nem o Bernardo diz. O que acontece, a meu ver, é uma complexificação dos resultados desses achados incríveis e que muitas vezes simplesmente não dialogam entre si- em termos temporais, principalmente, sendo uma característica da investigação arqueológica realizada na América, mas especialmente na América Latina e América do Sul. É isso o que aprendi e que converge para o objetivo do autor de apresentar a chegada do ser humano na América desde a América do Sul, ou pelo menos não descartando nossos sítios, como foi durante muito tempo feito pela polícia Clóvis (cês vão aprender o que é isso lendo o livro hehehe).
Depois da metade do livro, temos uma marcante participação dos povos indígenas em interação com a descoberta dos antepassados deles e de outras consequências éticas que surgiram por conta dessas pesquisas. Não esgota o assunto, mas traz o suficiente nas páginas para apresentar questões que parecem novas (só parecem), mas que correriam o risco de serem diminuídas, sem o interesse ampliado nessa mudança entre as partes envolvidas, ainda que o interesse maior seja sempre de quem foi injustiçado.
Por volta do lançamento de Admirável Novo Mundo, Bernardo Soares deu entrevista para alguns podcasts, onde dá para ter uma pequena noção da importância do livro, caso alguém se interesse.
link 1:
link 2:
psiu: quem quiser ficar obcecada também: AQUI um dos artigos que livro menciona sobre os sítios menos famosos e não menos importantes da Serra da Capivara 🤫
… e Um naturalista no antropoceno: Mauro Galetti
No meio da leitura do livro do Bernardo, fiquei sabendo desse livro do Mauro Galetti, que havia recebido um prêmio do jabuti acadêmico, que além da recomendação vinda com a premiação, tem versão gratuita para baixar on-line- para quem não abre mão de uma versão física, tem para comprar AQUI. 📘
O livro é mais contido que o Admirável Novo Mundo, porque é uma espécie de memorial do pesquisador, que é biólogo e conta para suas leitoras e seus leitores a trajetória da sua formação como cientista, com o foco nos jovens pesquisadores da sua área, que foi o que pude notar. Sim, senti um pouco de nostalgia da biologia, rs, mas acredito que o neófito de qualquer área que queira se enveredar pelo mundo da pesquisa e mesmo alguns veteranos, podem achar muito interessante. É um livro que tem uma linguagem acessível. 🤗
Particularmente, a parte que eu mais gostei foi a dos Mastodontes e a das Jacutingas. Sobre essa última: é a ave que está na capa do livro. Gostei de saber do papel ecológico dela na Mata Atlântica e fiquei arrasada de saber de quantas elas eram por volta do século XVI e quantas são agora. Não vou falar, pra instigar a curiosidade, mas vocês certamente fazem ideia de que não são bons números. 😥
2.ONÇA:
Uns meses atrás, não muitos, li o Som do Rugido da Onça, da Micheliny Verunschk e essa é uma dica que eu deixo aqui como quem não quer nada, mas na verdade quer muito: livro curto, não é lançamento, 168 páginas, estrutura do texto muito interessante e que vai falar basicamente dessa grande MERDA que é o colonialismo. Eu simplesmente amei o final que a autora criou, mesmo em um cenário de violência europeia, contra as crianças indígenas de outros séculos. E se você tá acompanhando o país incendiado, vai harmonizar muito bem com sua revolta. 🐆
Ps. A escritora lançou um novo, recentemente, que eu não li, mas me interessei: link.
3. FOGO:
[insira muitos xingamentos aqui]
Eu sei, eu sei… tô muito xingadora no boletim desse mês, mas é que, sei lá, é muito estranho sustentar a etiqueta o tempo todo enquanto a gente ARDE ou SE AFOGA por conta de décadas de colonialismo e capitalismo predatórios, que resultaram na desestabilização geral do clima.
No início de 2023, eu enviei um boletim, acho que era uma das edições das cartas avulsas, comentando a respeito do mini curso de climatologia que eu tinha acabado de assistir, oferecido gratuitamente pelo professor Alexandre Soares. Já tava ruim naquela época, rs [RISOS NERVOSOS], se vocês voltarem lá e derem um relida. Mas eu ainda insisto que saber aqueles dados é de vital importância para todas e todes e todos nós.
Pensando bem, ter me voltado para os livros de arqueologia e ecologia foi também uma tentativa de oferecer ao meu cérebro ferramentas novas para diminuir a ansiedade sobre o tema. Quer dizer: como nós sobrevivemos às glaciações e aos seus fins, como espécie? Não é exatamente o mesmo desafio, mas pensar sobre isso foi um bom exercício, junto com o curso. Um conhecimento que não deve ficar só nas mãos dos especialistas, para que invada com toda a força as esferas públicas, por uma questão de existência material, nossa e dos nossos irmãozinhos (que a gente chama de natureza).
Sei lá. Só queria desabafar um pouco aqui. 😢
Aquele sorrisão lá da foto do início enganou bem né kkkkk
Beijo, pessoal!
Fiquem agora com os recadinhos finais!
recadinhos finais:
-Lançamento do livro Do Centro, Da Margem, na Felipi, com dois textos meus daqui do Clube, junto de outras escritoras e escritores. Ano que vem o evento homenageia e escritora a Sergia A. (que fez essa foto aí). 💚 📕
-Releitura de O Silmarillion e por conta da serie Anéis do Poder. ✅
-Pra quem não gosta de distopia, escrevi um conto distópico surrealista no blog, como dizem as jovens, é um texto de vibes.
-Última carta avulsa
-Destaco agora também os e-books no texto da newsletter, seguindo a sugestão de uma das leitoras, minha querida amiga Moema. 📚
-Grata, ainda, à colaboração generosa da amiga Andreia, nesse último mês (inclusive visitem o site do Instituto Esperança Garcia que é muito bem estruturado em termos de conteúdo e estéticos). Ela me lembrou de colocar o número do Pix nas edições, esse: ed42286a-a4a6-4050-9327-aed111290727. Vou tentar lembrar de facilitar o cafezinho, né? 🤦🏾♀️☕
-Bebam água, se hidratem de outras formas, também, andem pela sombra, usem máscara, se sentirem desconforto no nariz e na garganta por conta da fumaça e, principalmente: não votem em candidatos e candidatas que ainda acham que a pauta ambiental não é assunto urgente. ⚠️
🧾 Listas da Amazon:
A lista dos livros do nosso Clube Profético, que serve pra você se inspirar e/ou adquirir ou procurar em outro lugar, se for mais barato que esse aí: https://www.amazon.com.br/hz/wishlist/ls/3KBAGLQJ4K5OP?ref_=wl_share
O último link que eu compartilho é meu, caso queiram se inspirar ou até enviar presente para mim ( ! ). Usando ele, você ajuda a PAGAR UM CAFEZINHO DESCAFEINADO para a autora da newsletter, sem acrescentar em nada no preço e pode ser usado para comprar qualquer coisa no site, desde a sua skincare, até… livros! https://amzn.to/3W2Hnim
E esse é o Pix: ed42286a-a4a6-4050-9327-aed111290727 💌
Obs: se os links tiverem algum problema, só mandar um e-mail avisando.
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