Fiz um bolo de aveia e banana ali, para me despertar de um sábado preguiçoso, apesar da animação das Olimpíadas aqui em casa e mundo afora. Foi mais simples que esse da receita, até.
Inclusive, agradeço a quem usou o link do Clube na Amazon mês passado. Se tiver algo para comprar no site do careca, usando os links espalhados aí na edição da newsletter, você ajuda o site sem nenhum acréscimo na compra e ainda pode ajudar aqui. Gera um trocadinho, o último foi R$ 3,29. 💁🏽♀️
Agora estou começando a escrever nosso boletim de agosto! Espero que chegue até você antes do início das paralimpíadas!
EXPERIÊNCIA SONORA I
Existem algumas plataformas gratuitas de audiolivro/audiobook, que oferecem principalmente clássicos, mas se você procurar bem, encontra alguns contemporâneos. Obviamente, existem aquelas caras e outras que eu diria caríssimas! Acho que já falei disso em outra edição da newsletter. Se você, como eu, gosta de ler obsessivamente, passa muito tempo em transporte público, dirigindo, ou passa muito tempo só, lavando louça, limpando a casa, pode ser um bom acréscimo aos livros de papel e aos digitais. Não vou dizer que é útil aos amigos pcds, porque meio que isso existe por conta deles já faz tempo. 😉
E se você se sente à vontade com o inglês ou com o espanhol, tem ainda mais opções. Em português, por exemplo, se você procurar a obra de Machado de Assis no LibriVox Catalog vai encontrar praticamente tudo. Esse link é do site, mas tem o app na loja do celular.
Além de ser útil conferir com o livro físico ou virtual sempre que possível para não cair em algum projeto mal feito, o outro risco que você pode correr é pegar uma narração dramatizada do Drácula e, por conta da entonação das vozes, passar a achar que se trata da história de um twink do século XIX, tentando achar um daddy em outro país e finalmente se livrar do casamento. Com todo o respeito! 😁🧛🏻♂️🦇
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EXPERIÊNCIA SONORA II
Falando em elementos sonoros, depois de uns meses sem ouvir nenhum podcast, dei a sorte de encontrar alguns programas do meu interesse nas últimas semanas. Nenhum deles é super recente. O primeiro, é um da BBC que se chama “Como o lítio transformou a história da saúde mental” que, apesar de ser reducionista nos sintomas dos famosos com transtorno bipolar, fala de modo bastante didático a respeito desse elemento químico tão revolucionário- não só para as baterias de eletrônicos. O segundo, um documentário da Rádio Novelo chamado “Arqueologia do Futuro”, uma expedição ao Norte do país, para investigar sítios avistados do alto. Nele, aparecem o jornalista Bernardo Esteves, autor do livro “Admirável Novo Mundo”, que reconta a história da primeira ocupação das Américas há milhares de anos e o Eduardo Neves, arqueólogo que pesquisa justamente nos sítios encontrados na Amazônia. Provavelmente falarei desses dois últimos em outras edições do boletim. Mas se você clicar AQUI já tem uma dica sobre os próximos capítulos. 💚
LIVRO!
Capa: Eu que nunca conheci os homens- Jacqueline Harpman/
Algumas mulheres perambulam próximo às guaritas no meio de um deserto
Li recentemente uma distopia, o tipo de livro que costumo fugir, porque sou da opinião que a realidade já é cheia de cenários horrorosos, se você observar bem, então não, obrigada! Mas terminei cedendo, porque fiquei curiosa com os comentários que sempre se encerravam no mesmo ponto. Várias resenhas escritas e em vídeo sem spoiler e fiquei com isso na cabeça. Pensei: o desenvolvimento desse livro deve ser muito abstrato pro pessoal que costuma se comunicar bem estar tendo essa dificuldade. Aí vocês sabem que quem se mete com filosofia, adora uma abstração, eu suspeitei que era um tipo de ficção científica parecida com as da Úrsula LeGuin e dei sorte!
Tirando o fato de que é uma distopia e que a Úrsula costuma sempre oferecer alguma saída em suas histórias, mesmo com dor, o livro de Jacqueline Harpman gira muito em torno da questão do corpo que não é o do homem de nascimento. Apesar de não ter o refinamento da escrita da Úrsula e ter menos de 200 páginas para elaborar tantos temas importantes, “Eu que Nunca Conheci os Homens”, dentre eles, centraliza esses assuntos mais caros à humanidade, sob a representação da experiência das mulheres (de um grupo, pelo menos) fundamental no meio da banalidade do abandono, que parece ter sucedido à banalidade do mal por lá. Basicamente a história é narrada pela mais jovem de um grupo de mulheres que está presa em um lugar, não se sabe qual o motivo e nem o porquê. Acompanhamos a relação dela com as mais velhas, suas perguntas, tantos as respondidas, como as não respondidas, o desenvolvimento das emoções, a necessidade de sobrevivência tanto física, como simbólica e tudo com cenas de poucas palavras, o que dá a impressão de se harmonizar com o momento que passam, pode parecer bastante duro e seco, ou o é apenas porque a narradora assim se expressa. No final, há uma questão básica que é: e quando o mundo não te responde de volta?
Posso pensar em algumas situações aqui e agora nesse planeta que são equivalentes a essa sensação de solidão absoluta, coletivas e individuais.
O livro foi escrito na década de 1980, uma década bastante prolífica para a ficção científica feminista- estou dando essa alcunha, porque a predominância dos temas que vão surgindo é meio óbvia. Apesar de muito bom, ele tem uma pitada de eurocentrismo e até de racismo, nesse último é um comentário, que até pode ser contextualizado pelo que autora oferece (a questão cultural das mulheres lá), que hoje em dia seria estranho, considerando geograficamente a origem da autora e o século XXI. Depois, tudo isso pode ser jogado num grande saco do nonsense do absurdismo que é aquele tipo de distopia, tão absurdo que pode até ser coerente.
Outra coisa que vou destacar é que eu não só gostei da personagem principal, como me identifiquei com sua situação (com certos limites distópicos) e quanto às decisões que tomava e os pensamentos que preferia alimentar... Tirando a questão da necessidade de um homem na vida em termos da tradição, se é que me entendem – sim, essa questão é muito discutida e eu só não me irritei mais porque há uma intenção clara da autora em trazer essa questão, pelo menos na maior parte das vezes. O que eu quero dizer, na verdade, é que ela, a jovem, não é aquele tipo de protagonista enjoada e que não sabe fazer nada direito, ela é: foda. Acho que vocês vão gostar dela.
⭐⭐⭐⭐⭐ 5/5
IMAGEM ESCOLHIDA:
O paleontólogo Juan Cisnero, professor na UFPI, mantém uma conta no twitter/X bastante ativa que costuma usar para divulgar descobertas e estudos na área, dele e de outros colegas, além de denunciar gringos que furtam fósseis aqui da região. Particularmente me diverti muito com a última cobertura de gringos sendo pegos com esse material (eu sei, é péssimo isso k). Recomendo o perfil e recomendo a curiosidade sobre achados como esse logo aqui na zona rural da cidade, nas margens no rio Poti, mais antigo que os dinossauros! 🤭🐱🐉🦕🌳
O professor está na foto, agachado ao lado do tronco petrificado que é bem largo. Estão na margem do rio, que tem pedras no leito.
Recadinhos!
Eu retirei aqueles links do final. Eles estão misturados acima com os comuns, que não tem relação com Amazon. Mas nossa lista do site continua lá, sendo atualizada. Lembrando que você pode descontinuar nossa cartinha profética a qualquer momento, heim? Não tem problema!
Até a próxima 💗
Nayara Barros
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